Parceiro de Treino

Ao longo da minha carreira de fisiculturista, ter o parceiro de treinamento certo foi essencial para o meu sucesso. Franco Columbu é um dos melhores parceiros de treinamento que já tive. Nos anos em que Franco e eu treinavamos juntos, sei que progredi muito mais do que seria capaz treinando sozinho.



Quais são as qualidades necessárias de um bom parceiro de treinamento? Em primeiro lugar, ele tem que ser antecioso: tem que se preocupar com o seu sucesso do mesmo modo que se preocupa com o dele. Ele não pode simplismente completar a sua série de exercícios e ir embora enquanto você realiza a sua: tem que estar lá com você. "Está bem, ontem você fez oito repetições, amanhã vamos tentar nove". Um bom parceiro de treinamento quer treinar no mesmo horário que você - não às seis se você quer treinar às cinco. Um bom parceiro de treinamento telefona para você e pergunta "Como está se sentindo hoje?" Ele não aparece somente na hora para o treinamento, mas também sugere "Ei, vamos nos reunir e praticar algumas poses". O ideal é que ele tenha as mesmas metas que você. Se estiver treinando para uma competição, tentando evoluir para um supino com 180 kg ou fazendo uma dieta rígida e tentando perder bastante gordura corporal, tudo isso fica muito mais fácil se seu parceiro de treinamento estiver concentrado em alcançar os mesmos tipos de objetivos.

Um parceiro de treinamento deve levar bastante energia para suas sessões de treinamento. Ninguém está 100% sempre que vai a uma academia; e se estiver em um dia de energia baixa, seu parceiro de treinamento deve estar lá para engrená-lo e estimulá-lo, e você deve fazer o mesmo quando estiver com a energia maior. É também uma grande vantagem ter alguém esperando que você apareça independentemente de como estiver o tempo, de quanto dormiu na noite anterior ou de como está se sentindo.

Franco e eu costumávamos competir constantemente, cada um tentando levantar mais peso do que o outro e realizar mais séries e repetições. Mas não competiámos para derrotar um ao outro; simplismente usávamos a competição para criar uma atmosfera em que qualquer esforço inacreditável parecesse possível.

Eu contava com diferentes parceiros de treinamento para resultados diferentes, dependendo das suas características individuais. Treinava com Franco pela manhã, considerando que ele treinava somente uma vez por dia, e realizávamos principalmente treinamento de potência. Treinava o grande dorsal com Dave Draper porque eu queria séries extras para esse músculo. Dava simplismente adorava trabalhar na academia e costumava treinar durante horas realizando séries infinitas. Frank Zane era um bom parceiro de treinamento para isolar grupos musculares específicos. Cada parceiro de treinamento tem seu próprio valor, então você pode querer treinar com mais de uma pessoa a fim de obter uma variedade maior de benefícios.

Escolher um bom parceiro de treinamento é muito semelhante a um casamento, e você quer casar-se com alguém que venha a somar na sua vida, que a torne melhor; não com alguém que faça com que diga, "Ah, esse casamento me encheu. Onde foi que me meti?". Esse não é um assunto apenas para fisiculturistas competidores. Um fisiculturista iniciante pode querer treinar com alguém mais avançado, mas esse fisiculturista avançado pode estar trabalhando no aperfeiçoamento do seu físico em vez de estar criando uma estrutura muscular potente básica, e o iniciante não tiraria muito proveito desse tipo de treinamento. Um homem de negócios que queira treinar para ficar em forma pode sentir-se exigido demais tentando treinar com um fisiculturista em tempo integral. É tudo muito simples: um parceiro de treinamento que o ajuda a fazer um progresso mais rápido e melhor é um bom parceiro; aqueles que o retém em qualquer aspecto é um parceiro ruim.

Quando as coisas ficam difíceis, é sempre a mente que falha primeiro, não o corpo. O melhor exemplo disso que posso lembrar ocorreu um dia quando Franco e eu estávamos realizando agachamentos na antiga Gold’s Gym. Franco ficou embaixo de 227 kg, agachou e não conseguiu subir de volta. Agarramos a barra e o ajudamos a colocá-la de volta no rack. Duzentos e vinte e sete quilogramas mesmo com uma só repetição, eram aparentemente demasiados para ele naquele dia.

Justamente nesse momento, quatro ou cinco crianças ítalo-americanas de Nova York apareceram. “Puxa”, disseram, “lá está Franco” Ei, Franco! Eram grandes fãs e estavam aguardando ansiosamente para vê-lo treinar – justamente no momento em que Franco havia falhado em um levantamento e parecia provável que erraria novamente na próxima tentativa.

Chamei Franco de lado e disse-lhe: “Franco, esses caras pensam que você é o rei. Você não pode ficar embaixo de 227 kg novamente e falhar.” De repente o seu rosto mudou. Olhou para mim com grandes olhos, percebendo que estava sendo observado. Depois saiu até a rua e ficou por um instante mentalizando-se, respirando profundamente e concentrando-se no levantamento.

Ele entrou de volta na academia com altivez, agarrou a barra e, em vez das seis repetições que teria de realizar com 227 kg, fez oito! Depois se afastou friamente, como se aquilo não fosse nada.

Obviamente os músculos de Franco não ficaram nenhum pouquinho mais fortes nesses poucos minutos entre séries, seus tendões não aumentaram; o que realmente mudou foi sua mente, sua determinação e motivação, seu desejo de alcançar o objetivo. Era impossível não perceber como a mente foi importante em fazer com que o corpo realizasse o que ele queria.

Autor: Arnold Schwarzenegger

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